Dia do Controle da Poluição por Agrotóxicos
Diversos projetos desenvolvidos na UFJ estudam o impacto dos produtos químicos no meio ambiente e as alternativas possíveis para a redução do uso de agrotóxicos na produção de alimentos
Em um cenário de aumento populacional, o aumento da produção de alimentos se torna necessário e, atualmente, o uso de agrotóxicos faz parte desse processo. Em 11 de janeiro de 1990 foi publicado o decreto que prevê mais rigor no registro, controle, inspeção e fiscalização de agrotóxicos. (Decreto nº 98.816) Por este motivo, a data foi escolhida pelo Ministério do Meio Ambiente para promover a reflexão sobre o uso dos produtos químicos.
A redução do uso de agrotóxicos é, inclusive, um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. A meta até 2030 é reduzir o número de mortes e doenças causadas por produtos químicos perigosos, diminuir a contaminação e poluição do ar, da água e do solo.
“O impacto do excesso de agrotóxicos para os ecossistemas em geral ainda é estudado. Mas sabemos que o uso abusivo ou incorreto desses produtos causa um impacto muito grande nos ecossistemas, como, por exemplo, altas taxas de mortalidade de animais. Quando você promove mortalidade numa parte da cadeia alimentar, altera o ecossistema como um todo”, explica a professora do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Jataí, Mônica Rodrigues Ferreira Machado.
PROJETO AQUÁRIOS PARANAÍBA
Equipe do projeto Aquários Paranaíba, cadastrado no Instituto de Biociências da UFJ
A professora Mônica é responsável pelo projeto Aquários Paranaíba, realizado em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Socioambiental (IDESA). O projeto, cadastrado no Instituto de Biociências da UFJ, avalia a saúde das populações de peixes do Rio Paranaíba, diante da ação humana. “Observamos os impactos dos efeitos causados pelos homens, como a construção de barragens, alteração da mata ciliar, uso errado de solo e o uso de agrotóxicos. A gente já começa a observar que existem altas taxas de mortalidade e a longo prazo isso pode causar a extinção de algumas espécies de peixes”, destaca.
O projeto tem oito alunos de iniciação científica e três alunos de mestrado. “É importante para a instituição consolidar grupos de pesquisas para trabalhar com conservação ambiental, não apenas para conservar, mas para iniciar projetos de uso sustentável. É impossível parar de produzir, a população precisa se alimentar, mas a gente precisa criar uma balança, onde exista produção com conservação ambiental”, afirma a professora Mônica.
LABORATÓRIO DE GEOCIÊNCIAS APLICADAS
Pesquisadores do Laboratório de Geociências Aplicadas da UFJ durante coleta de solos
Os estudos realizados pelos pesquisadores do Laboratório de Geociências Aplicadas da UFJ já mostraram altas concentrações de elementos potencialmente tóxicos, como cádmio e chumbo, nos solos e sedimentos das bacias do Rio Claro e Rio Corrente. “A alta concentração de agrotóxicos no solo afeta negativamente o ecossistema de diversas formas. Reduz a atividade microbiana, essencial para a saúde do solo, causa toxicidade nas plantas, interfere nos processos metabólicos, prejudica seu crescimento e, em muitos casos, torna a área inadequada para o cultivo, resultando na queda da produtividade agrícola”, explica o professor João Batista Pereira Cabral, do Instituto de Geografia.
Entre os trabalhos realizados pelos pesquisadores do Laboratório de Geociências Aplicadas, por meio de projetos financiados pelo CNPq e FAPEG, estão: Avaliação dos níveis de contaminação dos solos e sedimentos da área de influência da PCH Taboca – GO; Avaliação quali-quantitativa das águas, solos e sedimentos na área de influência direta de empreendimentos hidrelétricos na bacia do Rio Corrente – Goiás; Avaliação Ambiental dos Ecossistemas Aquático e Terrestre na bacia do Rio Corrente – Goiás e Avaliação dos níveis de contaminação nas distintas paisagens da bacia do rio Bonito - GO.
“Embora o uso de agrotóxicos desempenhe um papel importante na produção de carnes, grãos e outros produtos, também causa impactos negativos à biota e à saúde humana. Por este motivo é essencial compreender a dinâmica dos elementos potencialmente tóxicos, que é governada por uma série de reações químicas, permitindo a previsão de seus riscos, tanto para o ambiente quanto para a saúde pública”, reforça o professor João Batista Pereira Cabral.
ALTERNATIVAS AO USO DE AGROTÓXICOS
Atualmente, diversos manejos visam a redução do uso de agrotóxicos na produção de alimentos. O controle biológico é uma das alternativas. O curso de agronomia da UFJ tem um projeto de pesquisa, desenvolvido com alunos da graduação, que tem esse foco. “Isso é extremamente importante, porque o papel da Universidade é justamente buscar novas alternativas ou novas tecnologias para serem utilizadas na agricultura”, destaca o professor responsável pelo projeto e coordenador do curso de agronomia, Fernando Gielfi.
A equipe trabalha com o uso de fungos e vírus para o controle de pragas, como a cigarrinha do milho e a lagarta do cartucho. No ano passado, os trabalhos foram apresentados no Congresso de Entomologia realizado em Uberlândia, Minas Gerais. Para 2025 já tem previsão para o início de um novo projeto de pesquisa, que vai trabalhar com o uso de insetos predadores para o controle de insetos-pragas. “O aluno passa a ver o controle biológico como ferramenta auxiliar no controle de insetos-pragas na agricultura. Futuramente, como profissional, vai poder fazer essa indicação, porque já conhece os resultados, então isso é muito importante”, reforça o professor.
Muitos agricultores já estão investindo no controle biológico, principalmente quando os defensivos químicos não apresentam eficiência no combate de algumas pragas. “O uso desses produtos traz uma série de benefícios, como a redução da contaminação ambiental, redução de exposição dos trabalhadores aos químicos, preservação dos inimigos naturais na área; traz mais sustentabilidade na agricultura”, pontua Gielfi.
Estudante do curso de agronomia, Felipe Cruvinel, no Congresso de Entomologia, em Minas Gerais
Source: Secretaria de Comunicação - SECOM/UFJ
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