UFJ em ação na luta contra o coronavírus

Pesquisa realizada na UFJ identifica potenciais drogas contra a COVID-19

Em 13/07/20 16:34. Atualizada em 21/07/20 10:59.

A discente Gabriela de Lima Menezes, vinculada ao Mestrado em Ciências Aplicadas à Saúde da UFJ, sob orientação do professor Roosevelt Alves da Silva, ambos do Núcleo Colaborativo de Biossistemas (NCBios), está realizando pesquisa que busca identificar potenciais drogas contra a Covid-19.

Nessa semana, foi publicado, na revista internacional Journal of Biomolecular Structure and Dynamics, o artigo intitulado “Identification of potential drugs against SARS-CoV-2 non-structural protein 1 (nsp1)”, que aponta três possíveis fármacos para inibição da proteína não-estrutural 1 (nsp1) do vírus causador da COVID-19, o SARS-CoV-2.

Essa proteína é descrita por possuir funções importantes na patogênese viral, como degradação do mRNA do hospedeiro e supressão da expressão de interferons (IFN), sendo considerada, assim, como um importante fator de virulência.

No estudo in silico, foi realizada uma triagem virtual a partir do banco de dados de compostos, chamado DrugBank - que possui fármacos já aprovados para uso em outras doenças ou em fase experimental, por meio de simulações de ancoragem molecular (molecular docking), com diferentes conformações da nsp1, extraídas das simulações de dinâmica molecular.

Entre os mais de 8 mil compostos do banco de dados, as moléculas Tirilazad, Phthalocyanine e Zk-806450 ligaram-se a todas conformações com boa afinidade quando comparadas com as outras do banco de dados. O fato de os compostos se ligarem com alta afinidade em diferentes conformações da proteína – que não é estática em solução – aumenta as chances de sucesso da interação proteína-fármaco no meio biológico.

Segundo os autores, essa forma de seleção por plasticidade tem sido desenvolvida recentemente pelo NCBios, buscando-se aumentar as chances de encontrar compostos com maior capacidade de se ligarem ao alvo (proteína).

Os fármacos Alisporivir (em estudo para uso contra a hepatite C) e Ciclosporina (usado para reduzir a probabilidade de rejeição em doação de órgãos) são descritos por possuírem atividade in vitro capaz de inibir a nsp1 do SARS-CoV e replicação do vírus.

De acordo com o estudo, decidiu-se comparar a afinidade dessas moléculas pela nsp1 do SARS-CoV-2, cuja similaridade com a do SARS-CoV é alta. Os pesquisadores então observaram que os três compostos do DrugBank, identificados como promissores, apresentaram maior afinidade do que a Alisporivir e a Ciclosporina, o que sugere que esses compostos têm altas chances de também possuírem atividade inibitória in vitro em uma menor concentração.

O artigo completo pode ser acessado em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/07391102.2020.1792992.

 

Sobre os autores

A aluna Gabriela de Lima Menezes é biomédica, graduada pela UFJ, mestranda e bolsista CAPES do Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde, sob orientação do Prof. Dr. Roosevelt Alves da Silva, ambos membros do Núcleo Colaborativo de Biossistemas (NCBios), da Universidade Federal de Jataí, Jataí-GO, que é um laboratório que atua na área de biologia computacional, com foco em modelagem de estruturas de proteínas, dinâmica e função das proteínas, e prospecção de novos fármacos.

Os principais patógenos estudados pelo grupo são Flavivírus de importância médica (zika, dengue e febre amarela), fungo (Paracoccidiodes brasiliensis), bactéria (Mycobacterium abscessus) e, mais recentemente, coronavirus (SARS-CoV-2).

 

Gabriela de Lima Menezes        Roosevelt Alves da Silva

Maiores informações: Prof. Dr. Roosevelt Alves da Silva (rooseveltfisicaufg@gmail.com) e Gabriela de Lima Menezes (gabrieladelima_@hotmail.com)

Fonte: Assessoria de Comunicação UFJ